sexta-feira, 22 de junho de 2007

25 ANOS DEPOIS


Malvinas ou Falklands?

Com o objetivo de manter-se no poder e aumentar sua popularidade, o presidente argentino Leopoldo Galtieri e sua Junta Militar decidiram pôr em ação o Plano Goa, ou seja, invadir e retomar as Ilhas Malvinas, habitadas por ingleses desde 1833. Tinha tudo para dar errado, e realmente foi o que ocorreu. As inúmeras “trapalhadas” cometidas pelos líderes militares levaram o exército argentino a uma rápida derrota, onde destacaram-se somente a bravura e o heroísmo dos soldados.

O General Galtieri demonstrou desconhecimento de táticas e operações de guerra ao enviar recrutas mal treinados e com equipamentos desapropriados para o campo de batalha, sendo abastecidos por um frágil transporte aéreo. O Comandante do Teatro de Operações, Almirante Lombardo, não ficou para trás. Enviou o cruzador General Belgrano, com pouca defesa anti-submarino, para enfrentar uma das marinhas mais poderosas do mundo. O cruzador, com 43 anos de uso, foi atingido e afundou no incidente com o maior número de vítimas da Guerra.

Mas os equívocos não se limitaram ao planejamento. Uma visão míope da realidade política fez o governo argentino acreditar que receberia o apoio dos EUA e que a Inglaterra aceitaria o episódio como uma questão diplomática. Aconteceu justamente o contrário: os EUA ficaram ao lado do seu mais poderoso aliado na Guerra Fria, enquanto os britânicos prepararam sua Armada em Portsmouth ao som do hino da Royal Navy, “O oceano só tem um dono...”.

As Ilhas Malvinas, ou , têm um clima hostil, onde a neve pode cair em qualquer época e a precipitação de chuva ocorre em mais da metade dos dias do ano. Some-se a isso os ventos fortes e o relevo montanhoso. O cenário da Guerra era um desafio a mais para qualquer soldado, exigindo preparação específica e equipamentos adequados. Mesmo assim, às 4h30min do dia 2 de abril de 1982, uma unidade de elite argentina desembarcou na capital Port Stanley e, após duas horas de resistência dos soldados ingleses, assumiu o controle da cidade, trocando seu nome para Puerto Argentino. O governo da Inglaterra ainda enviou um ultimato para que os argentinos se retirassem. Com a exigência recusada, a Primeira-Ministra Margaret Thatcher ordenou a mobilização para a Guerra.

Os efeitos da Guerra, que matou mais de 600 soldados argentinos e mais de 250 ingleses, são sentidos até hoje. Calcula-se que os suicídios de veteranos argentinos já passaram dos 260. Do lado britânico, o número de suicídios é maior que o número de baixas durante a Guerra.

Mesmo que ainda existam 16.600 minas terrestres nas Malvinas, a Guerra trouxe benefícios para a comunidade das ilhas. O governo da Grã-Bretanha passou a investir no arquipélago; construiu um aeroporto, uma base militar, rodovias, docas e melhorou a infra-estrutura de comunicações. A população aumentou, e o PIB já é mais de dez vezes superior ao PIB de 1982. Os serviços de saúde e educação são gratuitos, e a criminalidade praticamente não existe. Se antes da Guerra havia pobreza e isolamento, hoje pode-se dizer que há riqueza e prosperidade. Ainda existem divergências entre os governos argentino e britânico, mas é fato relevante que os moradores das Ilhas Malvinas têm preferência por permanecerem como cidadãos ingleses.

Nenhum comentário: