sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Takashi Morita


Quando abriu os olhos, Takashi Morita viu tudo queimado. "Fui arremessado 10 metros à frente. A bomba espalhou no ar. Machucou muitas pessoas, muitos morreram. Era manhã, as pessoas estavam trabalhando, as crianças estavam indo pra escola", conta o então policial militar - hoje dono de uma mercearia em São Paulo - que trabalhava em Hiroshima no dia 6 de agosto de 1945, quando a primeira bomba atômica explodiu no mundo. Quem sobreviveu ao inferno, conta que o cenário era de pessoas queimadas, andando com as tripas arrastando pelo chão, a pele pendurada, pedindo água e implorando por socorro.
Morita tinha 21 anos e lembra que viu muitos mortos. A bomba, batizada pelos americanos de 'Little Boy', matou imediatamente 78 mil pessoas em Hiroshima. No final de 1945, já havia 140 mil mortos, numa população de aproximadamente 350 mil pessoas.

A família dele era do interior e não se machucou. Assim que passou o inferno, e a cidade começou a se reerguer, Morita foi trabalhar como relojoeiro. Dez anos depois, por indicação de amigos que conheciam o Brasil, emigrou pra cá. "Aqui no país é bem melhor. Essa é a verdade. Quando saí do Japão estava doente da bomba atômica. Quando cheguei no Brasil acabou. A terra e o clima são muito bons, as pessoas, tudo. É o paraíso mesmo, aqui no Brasil"
Além dele, outros hibakushas – como são conhecidas as vítimas que sobreviveram à bomba - vieram para o Brasil e se estabeleceram por aqui. Ao perceber que não era o único, Morita fundou a Sociedade Brasileira de Vítimas da Bomba Atômica, que chegou a ter 240 membros - e hoje tem cerca de 50.
Morita e os demais hibakushas decidiram se juntar para cobrar o mesmo reconhecimento do governo japonês que tinham os sobreviventes que ficaram no país - e conseguiram.

Três dias depois de jogar a bomba em Hiroshima, os EUA lançaram outra sobre Nagasaki. Em setembro, o Japão se rendeu e pôs fim à Segunda Guerra Mundial.

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